sábado, 9 de junho de 2012
Emancipação feminina na África: “Viemos de longe”
Gerntholz, advogada e especialista na área de direitos da mulher na África, tem toda confiança na enorme resiliência dos movimentos femininos. Ela também está convencida de que os problemas das mulheres na África não são isolados. “Elas estão diante dos mesmos desafios que as mulheres no resto do mundo. Mas os problemas na África são mais pronunciados porque os direitos humanos e a pobreza se cruzam. É provável que seja o continente mais pobre e as mulheres lá são desproporcionalmente afetadas.”
Propriedade
Há muitas razões por trás desta distribuição desigual, acredita Gerntholz. Ela aponta, por exemplo, a discriminação no direito à propriedade e as consequências da Aids:
“Em muitos países africanos as mulheres não têm direito à propriedade. Também não podem herdar uma propriedade. Em países como Quênia, Zimbábue, Zâmbia, Botswana, Lesoto, Maláui, Namíbia e África do Sul, onde os índices de HIV e Aids são altos, os homens com frequência morrem antes das mulheres. Isso significa que as mulheres muitas vezes são expropriadas quando seu marido morre. A família do marido toma posse das terras e bens. A mulher e seus filhos ficam desamparados. Ela não tem futuro porque não consegue um empréstimo nem pode comprar terras. Encontrar um emprego também é problemático.”
Em vários países no sul e leste da África, a posição legal da mulher em relação à propriedade foi melhorada, comenta Gerntholz. Mas infelizmente nem sempre é verificado se as leis são cumpridas na prática.
Educação
A desigualdade econômica também é grande. “Independência econômica para as mulheres é um dos principais objetivos a conquistar. É um clichê dizer que um país não é capaz de superar a pobreza se metade da população for mantida inativa.” Se as mulheres tiverem acesso a educação e trabalho, sua independência econômica é viável.
E a África está fazendo progressos substanciais justamente na área de educação: cada vez mais meninas frequentam a escola. Mas a qualidade da educação com frequência ainda deixa a desejar e as meninas, em geral, não têm acesso à escola secundária. “Elas deixam a escola porque se casam ou ficam grávidas, ou porque espera-se que elas cuidem da casa. Meninas também são mantidas em casa por motivos financeiros: os pais não podem pagar a escola.”
Apesar disso, a educação está se desenvolvendo de maneira positiva. Mas além disso as mulheres também têm que aprender habilidades com as quais possam entrar no mercado de trabalho. E isso, segundo Gerntholz, ainda acontece muito pouco.
Subordinadas
Em resumo, o grande problema é que as mulheres africanas ainda não são vistas como iguais. Elas permanecem subordinadas aos homens. Um exemplo é o combate à mortalidade materna. Liesl Gerntholz: “Sabemos há muito tempo o que é necessário fazer para diminuir significativamente a mortalidade materna. Não são intervenções caras, que países pobres não possam pagar. Falta simplesmente vontade política. Trata-se, afinal, ‘apenas’ de mulheres grávidas que morrem. Isso mostra bem o valor da mulher para a sociedade como um todo.”
Mulheres líderes
Por outro lado, a África tem tradição de mulheres fortes. “O trabalho de ativistas femininas dá cada vez mais frutos. Veja a nova promotora do Tribunal Penal Internacional, que é uma gambiana. Maláui e Libéria têm mulheres na presidência. Ruanda é o país com o maior número de mulheres parlamentares. Todas estas mudanças vêm em grande parte de fortes movimentos femininos que estimulam este progresso.”
Pesquisa por: Cris Pesquisa: Fonte
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